segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Newsletter 6 - Acessibilidade depende de mais força de vontade do que de recursos financeiros

Adaptações nas vias e imóveis das grandes cidades brasileiras para atender aos portadores de necessidades especiais serão assunto no XXIV Conaci.


A palavra acessibilidade sugere inúmeras interpretações. Em geral, dá a ideia de entrada irrestrita a espaços ou conteúdos. Para os portadores de necessidades especiais de diversas modalidades, significa a eliminação de barreiras arquitetônicas, a apresentação de conteúdos em formatos compreensíveis aos mais variados públicos.

Com o objetivo de conscientizar a categoria, o XXIV Congresso Nacional de Corretores de Imóveis (Conaci), que será realizado em São Paulo, de 16 a 19 de setembro no Transamérica Expo Center, tratará dentre outros assuntos, sobre a mobilidade.

Membro do Sciesp e da Comissão Científica do XXIV Conaci, o engenheiro e corretor de imóveis, Edson de Souza, é cadeirante há 13 anos, devido à evolução do Mal de Parkinson. Para ele, os imóveis paulistanos deixam de favorecer pessoas com necessidades especiais. “Moro em um prédio há mais de 20 anos, que não tem escadas na frente. Aqui, 99% dos prédios têm degrau entre a soleira da rua e o elevador”.

Há 17 anos, Mara Gabrilli sofreu um acidente que a deixou tetraplégica, sem poder se mover da cintura para baixo. Deputada federal pelo PSDB em São Paulo, ela é conhecida como uma das referências do Brasil em inclusão social dos portadores de necessidades especiais.

Mara defende a adoção do Desenho Universal na construção dos imóveis na cidade. “Esse conceito define produtos e ambientes que contemplam a diversidade humana. Os que não possuem deficiências, um dia serão idosos e precisarão morar em ambientes funcionais”.

Deputada Mara Gabrilli é referência em ações que promovem a acessibilidade em São Paulo. Foto: Rodolfo Stuckert. 

Souza reforça ser possível tornar imóveis acessíveis às pessoas portadoras de necessidades especiais. “Se a construção não foi planejada para ter rampa, pode-se analisar e implantar um elevador. O que limita é a situação econômica”.

Sem obstáculos 
Uma das ações bem-sucedidas de Mara Gabrilli é o projeto “Guardiões das Calçadas”. Com adesão de diversas cidades do estado de São Paulo, teve início em 2008, e inicialmente fiscalizava o passeio da Avenida Paulista.

Segundo Mara, a população colabora com o envio de fotografias e denúncias de calçadas irregulares. Ela defende que a Prefeitura de São Paulo cumpra o Plano Emergencial de Calçadas - Lei 14.675/08 -, que propõe a reforma de 600 km de ‘rotas estratégicas’ da cidade.

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED) fiscaliza, desde 2005, prédios, rampas, elevadores, e demais espaços públicos, incluindo as calçadas e vagas especiais. O órgão também verifica se escolas e outros ambientes garantem a inclusão social.

Edson de Souza diz que apesar da fiscalização, as adaptações das calçadas são deixadas em segundo plano. “As instituições sempre tentarão burlar as adequações, como é o caso da lei que regulamenta as calçadas. Isso só muda quando se mexe no bolso da população”.

Respeito
Falta de noção sobre mobilidade urbana e desrespeito às sinalizações dedicadas aos portadores de necessidades especiais são problemas frequentes nas metrópoles brasileiras.

“O conhecimento é a melhor forma de conscientizar a categoria a respeito das leis e das necessidades de quem possui mobilidade reduzida. Os corretores de imóveis ganham pontos com o cliente sempre que demonstram empatia às essas características”, afirma o presidente do Sciesp, Alexandre Tirelli, defensor da adaptação da cidade.

Os corretores de imóveis devem se posicionar, para que as normas de acessibilidade sejam cumpridas nos imóveis em que comercializam. Para isso, é essencial que esses profissionais se informem a respeito das leis municipais, estaduais e federais que favoreçam os portadores de necessidades especiais.

A falta de conhecimento, no entanto, ainda é problema para os cidadãos, afirma a deputada. “Apesar de existirem rampas, muitos não sabem como elas são importantes para quem tem a mobilidade reduzida. Isso ocorre também com as vagas reservadas em estacionamentos. Nem sempre os direitos são respeitados, devido ao desconhecimento da lei”, diz Mara.

Sensibilidade
Os dados do Censo, colhidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, revelaram que o País tem 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência e 14 milhões de cidadãos com mais de 65 anos. Em meio ao crescimento desses públicos, os corretores de imóveis devem trabalhar a faceta humana dessas relações comerciais.

“Quando um corretor vai negociar um imóvel, precisa perguntar se há idosos ou cadeirantes na família. Nem sempre os vizinhos ou familiares podem ajudar a pessoa a se locomover. E se acabar a luz no 18º andar?”, questiona o engenheiro Edson de Souza.

Para Mara Gabrilli, a sociedade passou a encarar de forma mais natural esses cidadãos. “Há 20 anos, os deficientes eram objetos de caridade e assistencialismo. As novelas e os atletas paraolímpicos auxiliaram essa nova percepção. A transformação será mais palpável na geração atual, que já convive na escola com crianças especiais, e que crescerão com uma visão de mundo mais completa e humana”, finaliza.

Para mais informações acesse www.conaci.com.br ou entre em contato com a Secretaria do XXIV Conaci, pelo e-mail conaci@sciesp.org.br ou pelo telefone 3889 5899, ramal 558.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça Parte da Equipe Sciesp, Comente!