terça-feira, 23 de março de 2010

Deficit habitacional caiu 8%, diz governo

Ministério anuncia que carência recuou para 5,8 milhões de domicílios em 2008, mas que cresceu número de moradias inadequadas

Especialistas dizem que melhora da renda reduz impacto do aluguel para as famílias e aumenta chance de comprar um imóvel

DA SUCURSAL DO RIO
Jornal Folha de São Paulo

O Ministério das Cidades anunciou ontem, no 5º Fórum Urbano Mundial, que acontece no Rio nesta semana, que de 2007 para 2008 o deficit habitacional no Brasil foi reduzido de 6,3 milhões para 5,8 milhões de domicílios -queda de 8%.
No entanto, houve piora no indicador que mede o total de moradias com infraestrutura inadequada, que aumentou em 500 mil, chegando a 11 milhões de unidades, ou 22% dos domicílios urbanos.
A moradia é considerada inadequada quando há problema de acesso a pelo menos um dos seguintes serviços básicos: iluminação elétrica, abastecimento de água com canalização interna, rede geral de esgoto ou fossa séptica e coleta de lixo.
A secretária nacional de habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães, disse que o governo analisa o que levou ao avanço de moradias com infraestrutura inadequada.
Uma das hipóteses é que tenha havido um crescimento no número de domicílios -daí a redução do deficit-, mas que eles podem estar em áreas com infraestrutura inadequada. Basta não atender a um dos critérios de adequação para ser considerado inadequado.
Os cálculos foram feitos a partir de dados do IBGE pela Fundação João Pinheiro, vinculada ao governo de Minas Gerais. Os itens que mais contribuem para o deficit são o ônus excessivo com aluguel (40,4%) e famílias vivendo no mesmo domicílio (39,6%).
Em 2007, houve mudança na metodologia de cálculo desse último indicador, após críticas de vários especialistas de que os dados usados pelo ministério superestimavam o deficit por incluir toda família que coabitava numa residência com outra no cálculo do deficit.
Para o IBGE, por exemplo, se um casal abriga filhos e netos na mesma casa, considera-se que são duas famílias num mesmo domicílio. No entanto, em muitos casos, essa coabitação pode acontecer por opção, e não por necessidade.
Por isso, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2007, foi incluída uma pergunta específica sobre a vontade de famílias coabitando de viverem juntas ou não. A mudança metodológica resultou na queda do deficit em 1 milhão de residências. Pelos critérios antigos para 2007, seriam 7,3 milhões. Pelos novos, 6,3 para aquele ano.
Usando a metodologia antiga, o país já havia registrado queda de 2006 para 2007. A razão mais comum apontada por especialistas foi a melhoria da renda, especialmente nas classes de menor nível socioeconômico, o que tem impacto direto na redução do gasto com aluguel ou na possibilidade de compra de um imóvel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça Parte da Equipe Sciesp, Comente!