quarta-feira, 27 de maio de 2009

Imóvel sustentável ocupa novos espaços no mercado

Fabíola Binas
Jornal DCI

SÃO PAULO - Ainda que a aplicação de normas sustentáveis eleve o custo dos empreendimentos de habitação em até 15%, algumas construtoras encontram espaço para implementar essas técnicas, mesmo em projetos de padrão médio e econômico, hoje alvo das empresas por conta dos incentivos do pacote habitacional anunciado pelo Governo Federal para reaquecer o setor.
O presidente e fundador da Ecoesfera Empreendimentos Sustentáveis, Luiz Fernando Lucho do Valle, conversou com o DCI e contou como está se preparando para aproveitar os incentivos do programa federal. "Vamos trabalhar com lançamentos das marcas EcoOne e EcoWay, que estão na faixa de R$ 80 mil a R$ 200 mil, porque estão dentro do mercado mais promissor para os próximos meses [o econômico].
"O executivo explicou que, nos últimos dois anos, o principal mercado da Ecoesfera foram os apartamentos da marca Ecolife, com valores que variam entre R$ 200 mil e R$ 300 mil, mas que agora, com a mudança do cenário, a companhia optou por se reorganizar estrategicamente.
"Tomamos um caminho mais conservador por observar que podem haver altos e baixos nos próximos meses. Estamos com uma estrutura enxuta, para trabalhar a médio e longo prazo nos mercados onde há mais facilidade de atuar", analisou. Ele inclui que a companhia optou por concentrar novos lançamentos das marcas mais acessíveis em mercados como o interior paulista e a capital do Rio de Janeiro, deixando então a expansão geográfica da marca a outros estados do sul e do centro-oeste para outro momento.
Outra estratégia da Ecoesfera é se cadastrar junto à Caixa Econômica Federal para disponibilizar mais financiamentos aos clientes. "Já no segundo semestre lançaremos o primeiro empreendimentos com a Caixa", disse Valle.
A inclusão nos projetos de itens sustentáveis, como a coleta seletiva de lixo, o reúso de água e os sensores de presença, por exemplo, pode fazer uma construção ficar até 15% mais cara do que a convencional, mas o presidente da Ecoesfera garante que descobriu a fórmula para otimizar o custo dos empreendimentos.
O executivo explicou que a incorporadora padronizou todos os projetos, eliminado alguns processos, com o ganho da produção em escala e o volume, o que possibilita até a obtenção de descontos junto a fornecedores. "Geramos volume e vendemos rapidamente as unidades a preço competitivo. O valor do meu produto é 3% a 5% menor do que a média do mesmo padrão", disse.
A Ecoesfera calcula que a implantação de itens ecoeficientes pode ocasionar uma economia de até 30% no condomínio - em comparação ao de prédios convencionais. E, além de contribuir com a preservação do meio ambiente, os "prédios verdes" tendem a ser mais valorizados, como acontece na Europa, onde esses imóveis valorizam em torno de 20% no ato da revenda.
O Grupo Ecoesfera diz ser o único do País a produzir só condomínios de apartamentos sustentáveis - outras incorporadoras mesclam os convencionais e os verdes. Desde a sua fundação, a empresa lançou 4 mil unidades, 80% delas comercializadas nas cidades de São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro.
Baixa renda
A Odebrecht Realizações Imobiliárias, nova marca do Grupo Odebrecht para o segmento de habitação, investe na expansão do projeto "Bairro Novo", de habitações populares, e contempla um programa de sustentabilidade. A expectativa da marca é passar dos atuais 30% do faturamento da Realizações, para 50% até 2010. Em 2009, serão lançadas 30 mil unidades voltadas ao segmento de baixa renda.
O projeto do Bairro Novo, que já ergueu mais de quatro mil atendimentos em seu programa de sustentabilidade - em cidades como Cotia (SP), Camaçari (BA) e Fortaleza (CE), - observa itens como o cumprimento à legislação ambiental, o uso de tecnologias limpas, racionamento da energia elétrica, matérias-primas e recursos, além de ações de prevenção ao processo de degradação ambiental, garante a empresa. São condomínios com até cinco mil moradias, construídos com com tecnologia de custo acessível e baixo impacto ambiental. A Odebrecht Realizações Imobiliárias deve faturar R$ 600 milhões em 2009, contra os R$ 350 milhões, do ano passado.
Comercial
A construtora WTorre também aposta nas construções sustentáveis. Hoje, a empresa tem 6 empreendimentos em processo de certificação ambiental, entre 5 torres comerciais e um hotel, pelo órgão internacional, LEED New Construction Silver. No Brasil, existem apenas quatro construções certificados. Outras 120 estão em processo de obtenção. A construção impacta o meio ambiente e é responsável por 40% das emissões de CO2 no mundo.

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